terça-feira, 2 de julho de 2013

Clamor Pelo Sangue de Jesus 2º Aula

Clamor Pelo Sangue de Jesus
(2º Aula)

INTRODUÇÃO
I – O sangue de Jesus
Tipificado no Velho Testamento
Do Éden ao Sinai
Do Sinai ao advento do Messias
Significação do Sangue de Jesus no Novo Testamento
Nos Evangelhos
Nas Epístolas
No Apocalipse

II – O Clamor pelo Sangue
Definição
A prática do clamor
Quando clamar
Como clamar

CONCLUSÃO

Não é fácil colocar em palavras esta matéria, dado seu caráter profundamente espiritual. Ela se traduz mais facilmente pela experiência e pelos sentimentos.
O clamor pelo Sangue de Jesus é uma das pedras fundamentais que alicerçam a maravilhosa e estranha Obra que o Espírito Santo vem realizando através dos tempos.
Neste estudo não temos, nem de leve, a pretensão de exaurir o assunto. Ao contrário, temos consciência de estar apenas erguendo de leve a fímbria do véu que esconde tão precioso tesouro. Cada um de nós deve continuar a pesquisa na Palavra, pois é importante conscientizar-nos cada vez mais do imenso valor do Sangue de Jesus perante a face do Pai e quanto às nossas relações com Ele.
A doutrina Bíblica do sangue, existe antes da fundação do mundo. Está escrito do Senhor Jesus: “O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Apocalipse 13:8. Pedro disse aos judeus que apesar de terem, na sua ignorância e incredulidade, crucificado o Senhor da Vida, sem dúvida haviam cumprido o plano eterno de Deus, pois o Senhor Jesus foi “entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus” (Atos 2:23). Por isso a queda de Adão e Eva não apanhou o nosso Deus de surpresa, de modo a necessitar rápidas providências para remediá-la. Antes mesmo que o mundo fosse criado, Deus já havia providenciado o meio para a redenção do homem.
Só o Espírito Santo é capaz de nos revelar toda a glória, o poder, o valor, a profundidade inatingível do significado do Sangue de Jesus. Confiamos e desejamos que Ele o faça em cada um de nós; e Ele o fará a cada um que buscar de todo o coração.
Para facilitar a assimilação, dividiremos o assunto em duas partes distintas. Na primeira parte estudaremos o Sangue de Jesus, sua tipificação no Velho Testamento e seu simbolismo no Novo Testamento. Na segunda parte tentaremos dissecar o Clamor pelo Sangue de Jesus, em si mesmo. Assim veremos:

I – O SANGUE DE JESUS
Lembro-me de uma jovem esposa de pastor, numa vigília, de repente exclamando com voz embargada e olhos cintilantes: “O Sangue, O Sangue de Jesus, O Sangue, O Sangue”. Recebera pelo Espírito a revelação do precioso Sangue de Jesus, mas jamais conseguiu traduzir em palavras (pelo menos em nossa língua) aquela profunda impressão que o Espírito Santo lhe causou, ao revelar-lhe o Sangue de Jesus.
O Sangue que corria nas veias e artérias de Jesus de Nazaré era, em tudo: biológico, fisiológica e quimicamente, o mesmo sangue que corre em nossas próprias veias, pois em carne, Jesus era um homem como qualquer outro (exceto no pecado). Mas o Sangue de Jesus foi derramado, como o de um cordeiro, perfeito, sem mancha e derramado no altar da cruz, em substituição. Ele substituía o sangue do pecador que, mesmo que fosse derramado, de nada valeria. E substituía, de uma vez por todas, os sacrifícios instituídos pela lei mosaica, operando de uma vez e cabalmente a redenção de todo aquele que crê. A justiça divina exigia sangue derramado, para lavar a culpa do pecado. “Sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9:22). Porque a justiça divina exige sangue? Porque sangue é vida. Levítico 17:11 – a vida da carne está no sangue, o sangue apresentado perante Deus, prova que alguém morreu pela culpa: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:20). A culpa, o pecado, é morte, mas o sangue, que é vida, cobre a morte, que é o pecado, e dessa forma a morte é absorvida pela vida e deixa de existir. Por isso, quem está em Cristo, passou (pelo Seu sangue) da morte para a vida; só assim é nova criatura.
Há ainda no sangue, o aspecto negativo – é morte para os ímpios, enquanto é vida, é escape para os que crêem. No grandioso, soberbo espetáculo da passagem do Mar Vermelho, o qual é um dos tipos do Sangue de Jesus, vemos claramente o sangue como bênção e como maldição: executando julgamento de Deus em Faraó e suas forças de guerra, enquanto que para os israelitas era o escape, o livramento extraordinário, sobrenatural. Assim o livramento oferecido pelo Sangue de Jesus é sobrenatural, concebido no coração de Deus antes que houvesse mundo.

Agora vejamos resumidamente:

1. O SANGUE DE JESUS TIPIFICADO NO VELHO TESTAMENTO
A – Do Éden ao Sinai
A grande promessa de redenção – Gênesis 3:15. O Deus Onipotente que acaba de ser rejeitado pela desobediência dos que foram por Ele criados, no Seu insondável amor, compadece-se e ali mesmo, diante daquela cena de morte, promete a Vida, o Libertador cujo sangue derramado restauraria todas as coisas.
O primeiro derramamento de sangue: Gênesis 3:21. “O salário do pecado é a morte...” (Romanos 6:23) – O pecado revela toda a miséria dos dois seres caídos e agora, para cobri-los, uma vítima é imolada, dando sua pele para servir-lhes de vestes.
Caim e Abel – Gênesis 4:4. Duas ofertas diferentes. A de Caim não podia ser aceita, pois não custou sangue. O pecador só pode ter acesso à presença de Deus passando por sangue derramado, é o que nos fala a oferta de Abel.
A prova de Abraão – Gênesis 20:1-19. Aquele que busca a Deus de todo o coração, encontra-se com o Substituto, o Cordeiro providenciado por Deus. O pecador não precisa derramar seu próprio sangue, porque o Senhor provê. Aquele que não só é Substituto, mas que é também o Único Todo Suficiente; o Único que poderia exclamar do topo da cruz: “Está consumado!” Monte Moriá, uma antevisão do Calvário
O sangue como um sinal para Deus – Êxodo 12:3 a 13. Especialmente versículos 7 e 13. O Senhor ordena que sangue seja colocado na porta. Era o único meio de livrar o lar da morte que ceifaria, naquela noite, o primogênito de cada família. “...quando Eu vir o sangue, passarei por vós e não haverá... praga destruidora” (versículo 23). A praga destruidora passaria pelo lar dos egípcios, mas pelo lar dos servos de Deus, por causa do sangue colocado nas ombreiras e vergas da porta, passaria o Senhor. Para os ímpios, morte, destruição; para os servos, a vida, a segurança, a paz.
O Mar Vermelho simbolizando bênção e maldição. Êxodo 14:15 a 31 (já comentado atrás)

B – Do Sinai ao Advento do Messias – O cumprimento da promessa em Gênesis 3:15
A primeira aliança. Êxodo 24:6-8. Aqui, o sangue foi dividido em duas partes. Com a primeira parte, Moisés aspergiu o altar e com a segunda, o povo, dizendo: “este é o sangue da aliança que o Senhor fez convosco”. Nesta figura, o altar representa a parte divina da aliança e o povo a parte humana. O sangue aspergido uniu as duas partes que o pecado havia separado no Jardim do Éden. Outra antevisão da cena extraordinária do Calvário onde o sangue de Jesus religou (do latim religare=religião) o homem a Deus, seu Criador.
O tabernáculo no deserto tinha como uma de suas cobertas, peles de carneiro tintas de vermelho. Êxodo 25:5; 26:14; 35:23; 36:19; 39:34. O vermelho representa o sangue do Cordeiro que haveria de vir e as peles lembram que, para que o tabernáculo fosse coberto, vítimas tinham sido imoladas, vidas tinham sido sacrificadas.
O sangue na consagração dos sacerdotes e suas vestes. Êxodo 29 e Levítico 8:1-36. Aqui é o elo de união entre o homem e o altar.
Êxodo 29:38-46 – O sangue como garantia da presença contínua do Senhor no meio dos filhos de Israel:
Para o encontro diário com o Senhor
Para ouvir-se a voz do Senhor
Garantindo a santificação do povo através da Sua Glória
Versículo 45: A segurança resultante de ter o Senhor sempre presente
Resultando naturalmente no conhecimento de Deus – versículo 46 e Êxodo 30:10
É impossível chegar a Deus, senão pelo sangue – Êxodo 29:16. O sangue derramado em volta do altar, de modo que, para chegar-se a este, passava-se obrigatoriamente por aquele.
As diferentes espécies de sacrifícios e ofertas do ritual mosaico apontam para o único sacrifício no qual o sangue de Jesus satisfaria a justiça de divina, vicariamente.
Holocausto – Levítico 1 (1:3,4,7,8,11,14,15,16,17); 6:8-13
Ofertas de Manjares – Levítico 2 e 6:14-18
Oferta Pacífica – Levítico 3 e 7:11 a 21
Oferta pelo Pecado – Levítico 4; 5:1-13; 6:24-30
Oferta pela Culpa – Levítico 5:14 a 6:7 e 7:1-7
O resgate dos primogênitos. Números 18:15 a 17 – de homens e animais imundos. Os primogênitos de animais limpos eram oferecidos ao Senhor e eram aceitos. Mas o homem e animais imundos não podiam ser aceitos pelo Deus Santo; eram então resgatados. Um preço era estipulado para este resgate. Este preço era pago em dinheiro, simbolizando a completa redenção que haveria de vir pelo sangue do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
O sangue no primeiro reavivamento bíblico, o de Ezequias. II Crônicas 29:20-36.
Visão da situação real do povo de Deus – afastamento do Senhor, negligência dos sacrifícios e ofertas. II Crônicas 29:1 a 7.
Visão das consequências – versículos 8 e 9
Resolução sábia – renovar a aliança com o Senhor.
Repreende e exorta os sacerdotes – versículo 11.
Purificação dos sacerdotes e do templo abandonado e todo objeto de culto – 29:12 a 19.
Restauração do culto cruento – versículos 20 a 29.
A grande alegria resultante – versículos 30 a 36.
Nos capítulos 30 e 31 continua a obra de reavivamento.
O caráter religioso e político no reavivamento de Esdras. Após 70 anos de cativeiro, em meio ao paganismo estrangeiro, Israel retorna à destruída Jerusalém, para sua restauração.
O altar é reconstruído em 1º lugar e com ele recomeça o culto a Deus, através dos sacrifícios diários – Esdras 3:1 a 6
A reconstrução do templo representava, de certo modo, a restauração política do povo de Israel. A vida do país centralizava-se no templo e consequentemente no culto a Deus–que se baseava fundamentalmente no derramamento de sangue – Esdras 3:8 a 13
Capítulos 4 a 6:1-6 vê-se o esforço do adversário para impedir a obra. Daí até versículo 22, temos a vitória dos filhos de Israel na reconstrução do templo e consequente aniquilamento do adversário. Versículos 19 a 22 – celebram a páscoa com imensa alegria e disposição de coração, imolando o cordeiro, conforme prescrevia a lei. Mas sobre seus olhos permanecia o véu que os impedia de ver em toda aquela obra e na celebração da páscoa a prefiguração do livramento que lhes viria pela imolação do verdadeiro Cordeiro pascal: Jesus.
Nos Salmos capítulo 22, um dos salmos messiânicos, Davi tem uma visão nítida do que seria mais tarde a crucificação de Jesus. Outros Salmos messiânicos: 2, 69, 118, etc.
Nos profetas: mencionaremos Isaías 53, começando em 52:13. Em Ezequiel 43:10 a 44:27, o profeta, num arrebatamento, vê uma repetição de todas as normas para o ritual do culto, com algumas alterações e recomendações do Senhor para uma renovação na vida espiritual do povo. Todos os sacrifícios cruentos são mencionados. Em Zacarias 9:9 a 11, fala do “Rei, Justo e Salvador”, que apareceria montado num jumentinho. No versículo 11 o “Sangue da Aliança” pela qual, cativos são tirados da cova sem água.

2. A SIGNIFICAÇÃO DO SANGUE NO NOVO TESTAMENTO
Aqui, o sangue de Jesus é mencionado muitas vezes, cerca de 255 vezes. Teremos que abordar este tópico sumariamente.
Agora cumpre-se plenamente a promessa do Pai em Gênesis 3:15. O nascimento de Jesus, Seu ministério público, finalmente Sua morte sacrificial e ressurreição, a promessa gloriosa cumprindo-se. O Filho do Homem esmagando a cabeça da serpente, conquistando para Si o título de Senhor dos senhores, triunfando sobre a morte e o inferno (Romanos 14:9) e para nós, a plena reconciliação com Deus. Aleluia!
A – Nos Evangelhos
1. O cumprimento dos vaticínios do Velho Testamento:
O pecado é introduzido no mundo através do 1º Adão. Agora surge o 2º Adão, através do qual o pecado deixa o mundo. O Espírito Santo, usando João Batista, afirma de Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. João 1:20
Ao instituir a Ceia do Senhor, Jesus, tomando o cálice, disse: “Bebei dele todos, porque este é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados”. Mateus 26:26 a 30, Lucas 22:14-20; Marcos 14:22-26; I Coríntios 11:23-29.
O sangue de Jesus é alimento indispensável à vida espiritual. “... se não beberdes o Seu sangue, não tendes vida em vós mesmos”. João 6:48-58.
A grande cena do Calvário – o ponto culminante das profecias e figuras do Velho Testamento. Mateus 27:33-56; Marcos 15:22-32; Lucas 23:32-43; João 19:18-24.
2. Nas Epístolas
Cartas de Paulo: Romanos 3:24 a 25; 5:8-9 a justificação pelo sangue. I Coríntios 10:16 – O sangue como elemento de união, de comunhão. I Coríntios 11:25-26 a nova aliança no sangue. Efésios 1:7-8, o sangue redentor e remidor. Efésios 2:12-13 – o sangue como elemento de aproximação. Filipenses 2:7 a 11, pelo sangue derramado “Jesus Cristo é o Senhor”. Colossenses 1:20 – a reconciliação entre a terra e céu através do sangue da cruz. Tito 2:14, purificação de um povo exclusivamente Seu. Hebreus 1:1-4, o Verbo se fez carne, Deus falando conosco; após ver cumprido Seu ministério terreno, toma posse de Sua herança celestial. Hebreus 2:14-16, com Sua morte, destrói aquele que tem o poder da morte. Hebreus 9:11 a 15 “mas pelo Seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas...” Hebreus 2:17 a 22 – “sem derramamento de sangue não há remissão”. Hebreus 10:19-22 “um novo e vivo caminho” para o Santo dos Santos (Mateus 27:51). Hebreus 13:20-21 “o sangue da eterna aliança”, no aperfeiçoamento dos salvos. I Pedro 1:18-20 – o preço do resgate. Ver Números 18:15-17 – I João 1:7 – plena purificação.
Em Apocalipse 1:5 – o primogênito dos mortos e soberano dos reis 7:14 – os que vêm da grande tribulação com vestes alvejadas pelo sangue do Cordeiro. 12:10 e 11 – O acusador dos irmãos pelo sangue do Cordeiro é vencido. 19:11 a 14 – O Fiel e Verdadeiro com Seu manto tinto de sangue – 22:10-20

II – O CLAMOR PELO SANGUE
1. Definição – A palavra clamor dá idéia de súplica com instância, ou seja, insistência, empenho, ou veemência no pedir; pressa na resposta à súplica. Um clamor para o servo que ora, que busca a presença de Deus, é um pedido insistente, urgente: Lucas 18:3-8.
O clamor pelo sangue de Jesus é o crente redimido lançando mão do direito que lhe assiste de penetrar no Santo dos Santos. Hebreus 10:19 a 20.
É apropriar-se da única cobertura capaz de escondê-lo da vista perscrutadora do inimigo. Êxodo 39:34 e outras.
É apresentar diante do Pai, Santo e Justo, o “Novo e vivo caminho”, providenciado por Seu grande amor para levar-nos à Sua presença. Hebreus 10:20; Levítico 8:19 – o sangue aspergido sobre o altar e em redor do altar de modo que quem se aproximar do altar, passa infalivelmente pelo sangue. Em resumo, o clamor pelo sangue de Jesus é para o crente:
O direito que lhe assiste de penetrar “além do véu”
É proteção
É comunhão

2. A prática do clamor pelo sangue de Jesus
A – Quando devemos clamar
Coletivamente
No início dos cultos
No início das reuniões de oração
No início das reuniões dos grupos de intercessão, evangelização, reuniões do Presbitério, culto nos lares ou em qualquer lugar onde “dois ou três se reunirem”.
Individualmente
No “lugar secreto” de oração
No lar, na escola, no trabalho diário
Ao enfrentar momentos difíceis
Nos momentos de decisões
Impreterivelmente, antes de Consultas à Palavra
Ao deparar-se com pessoas oprimidas ou possessas de espírito maligno
Na solidão, ou em ambientes desfavoráveis, etc.

B – Como clamar
Certos de que o sangue de Jesus tem poder
Certo de que o Senhor nos ouve
Sem medo, mesmo na presença manifesta do inimigo, sabendo que é maior O que está conosco
Com espírito de adoração
Conscientes de nossa fraqueza e confiando no poder purificador do sangue de Jesus

CONCLUSÃO
Tratando do sangue de Jesus, vimos em primeiro lugar a proeminência que é dada ao sangue no Velho Testamento, tipificando o sangue do Cordeiro de Deus, ou o Messias que havia de vir.
Em 2º lugar, passando para o Novo Testamento, notamos a ênfase dada ao sangue de Jesus derramado na cruz, realizando assim o que no Antigo Testamento era apenas sombra ou figura.
Ao entrarmos no clamor pelo sangue, propriamente dito, detivemonos apenas em dois pontos: quando e como clamar pelo sangue de Jesus.
Repetimos que não pretendemos ter dito tudo sobre este assunto, praticamente ainda virgem como matéria escrita ou estudada. Sabemos que na busca de mais luz sobre o assunto, obteremos progressivamente todo o conhecimento que for necessário ao povo do Senhor.

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